Sexo ainda é considerado tabu pela maioria das igrejas Para o palestrante Silmar Coelho, autor de vários livros sobre relacionamento conjugal, a falta de discussão do tema entre os casais favorece a proliferação de preconceitos e, não raro, a dissolução do casamento Eurico Ferreira Júnior MBN News Agency mbnnews@parkear.com Peabody, MA - Dezenas de casais evangélicos compareceram, na semana passada, à sede da Igreja Comunidade de Cristo, em Peabody, para participar do II Congresso da Família, evento que lotou a igreja durante três noites consecutivas. O Congresso passaria despercebido, não fosse a forma ousada como o assunto foi apresentado para um público tradicionalmente conservador. No púlpito, o pastor Silmar Coelho, convidado para realizar as palestras, ensinava para uma platéia atenta: “A mulher tem uma glândula, chamada clitóris, cuja única finalidade é proporcionar prazer sexual.” Tema considerado proibido pela maioria das igrejas, evangélicas ou não, o sexo permanece, na opinião de Coelho, um assunto-tabu, raramente discutido entre os casais, o que favorece a proliferação de noções preconceituosas e, não raro, a dissolução do casamento. “A sexualidade é uma criação de Deus, está na Bíblia”, pregava Coelho, citando literalmente trechos das Escrituras (“Beija-me com beijos de tua boca; pois teu amor é melhor do que o vinho”, Ct 1:2) para fundamentar sua opinião. Autor de vários livros sobre relacionamento conjugal e há 25 anos dedicando-se às palestras para casais, Coelho aconselhou os fiéis a combaterem a rotina sexual para manterem a felicidade no matrimônio. “O casamento é como uma fogueira que tem de ser alimentada”, recomendou, acrescentando que os parceiros devem procurar surpresas para manterem a “chama acesa”, o que inclui roupas sensuais e variações na forma de praticar a relação conjugal. “Inventa que Jesus abençoa”, pregou. Carismático e completamente à vontade diante do público, Coelho prende a atenção dos fiéis com contínuas tiradas de humor, sem nunca perder a seriedade ou desviar de seu objetivo principal: auxiliar os casais a encontrar a felicidade conjugal. “Comecei a fazer esse tipo de palestra logo depois que casei, há 28 anos”, conta, lembrando que no início sofreu forte resistência de outros líderes evangélicos, que consideravam o tema de suas palestras “devasso”. “Mas, com o tempo, perceberam que minha forma de falar, ou de discutir o relacionamento sexual, estimulava os casais a conversar em casa problemas que normalmente eles só tinham coragem de discutir na rua”. Doutor em teologia pela Universidade Oral Roberts, de Oklahoma, Coelho considera que o segredo de um casamento feliz é a atitude que o casal toma diante de um problema. Durante os três dias em que falou no II Congresso da Família, ele debateu com os fiéis o que considera as cinco causas normalmente associadas à dissolução do lar: falta de dinheiro, dificuldade de comunicação entre os casais, incompatibilidade sexual, criação dos filhos e divisão de responsabilidades entre o marido e a mulher. “Costumo dizer que todo casamento tem problemas, pois a chamada ‘família perfeita’ é imperfeita”, sentencia. Radiante com o sucesso do Congresso entre os fiéis de sua igreja, o pastor Cláudio Lopes, titular da Igreja Comunidade de Cristo e responsável pela vinda do pastor Silmar Coelho aos Estados Unidos, considera que assuntos ligados a relacionamento familiar devem ser exaustivamente discutidos na comunidade brasileira. “A mudança da família para a América é um choque cultural muito grande”, diz Lopes. Para ele, existe muita dificuldade do casal se adaptar à nova realidade de um país desenvolvido, rico em oportunidades de emprego e relativamente livre de preconceitos no mercado de trabalho. “A mulher no Brasil não tem muita autonomia e, de uma forma geral, depende financeiramente do marido”, afirma. “Quando o casal chega aqui, a realidade se mostra totalmente diferente, pois é muito comum a mulher ganhar mais que o marido, o que acaba afetando o comportamento machista do homem latino-americano”. Segundo o pastor Lopes, a intensa atividade profissional que a vida na América proporciona afasta o casal e, em conseqüência, prejudica no relacionamento e na criação dos filhos. “Enquanto o casal trabalha praticamente sem parar, os filhos são criados pelos outros e os pais não os vêem crescer.” Esse tipo de problema, de acordo com o pastor Lopes, é particularmente acentuado nos casais recém-chegados do Brasil, daí a preocupação de sua igreja em promover encontros como o Congresso da Família, onde as dificuldades de relacionamento – inclusive as mazelas geradas pela insatisfação sexual – não são ignoradas, mas sim discutidas, com seriedade, no púlpito. Doutorado em Teologia pela Andersonville Theological Seminary, da Geórgia, e com mestrado em Psicologia da Religião, o pastor Lopes divide com a mulher, Neim Dalcol Lopes, também diplomada em Aconselhamento Familiar nos Estados Unidos, as tarefas do “Programa de Aconselhamento Familiar”, um projeto permanentemente em funcionamento na Igreja Comunidade de Cristo. Do site: http://www.silmarcoelho.com/iframes_artigos/metropolitan.html Visite também: http://www.mkshopping.com.br/produto/359,40,201.html
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